Adriano Pascoal, um dos pioneiros da massoterapia em São Vicente, quer a regulação da massagem terapêutica para se evitar que haja profissionais na área a trabalhar sem a devida classificação e que essa actividade não seja usada como uma “máscara” para prostituição. A sua preocupação, como explica, reside no facto de em muitos sítios, inclusive Cabo Verde, a massagem ser usada como subterfúgio para convites de âmbito sexual, o que acaba por denegrir a credibilidade dos verdadeiros profissionais.
“Aparece em muitos anúncios homens e mulheres que oferecem serviços de massagem ao sexo oposto e que, pela abordagem, percebe-se que se trata de uma proposta de outro tipo de serviço”, constacta Didi, como é conhecido na cidade do Mindelo, que chama ainda atenção para outro aspecto que ele considera pernicioso: o facto de haver pessoas que se intitulam massoterapêutas, mas sem a devida qualificação.
Por estes motivos pede a regulamentação desse sector tal como acontece noutras paragens, aonde, além do curso, o profissional tem que ter diploma e determinadas autorizações para exercer a actividade. Autorizações idênticas às que exibe na parede do seu consultório, as quais permitem-lhe trabalhar, por exemplo, nos Estados Unidos, onde se formou.
Com consultório montado em S. Vicente, esse ex-emigrante tem se destacado na sua ilha natal pela sua capacidade em diagnosticar lesões através do toque e pelo rápido tratamento, usando essencialmente as mãos. Os seus clientes são atletas, pessoas que sofrem lesões musculares e turistas que visitam a cidade do Mindelo.
Desde que começou a ter sucesso recebeu várias propostas para se instalar noutras ilhas onde há uma maior procura. No entanto, prefere ficar em São Vicente já que, para ele, chegou a hora de regressar à casa, depois de ter passado 20 anos na emigração. Uma aposta que o faz receber no Mindelo clientes de várias partes do mundo que procuram um tratamento alternativo à medicina convencional. No seu processo utiliza essencialmente as mãos, um ativador e óleos naturais.
“Eu sei o que posso fazer para cada lesão, mas também sei os meus limites. Há casos em que ajudo a curar pacientes que já tentaram todos os tipos de ajuda pela medicina convencional, mas também há casos em que aconselho os pacientes a procurarem ajuda médica porque sei que umas secções de massagem podem até ajudar, mas não solucionam os problemas”, admite Pascoal. Por isso, adverte, a massoterapia exige mais do que uma pequena formação, já que algumas lesões podem ser pioradas se não receberem o tratamento adequado.
Nascido na terra do Monte Cara, Didi emigrou com a família para o Canadá, mas sempre alimentou a esperança de um dia voltar à casa. Vinte anos depois percebeu como poderia ajudar o seu povo, “fez a mala” e regressou a Cabo Verde.
Como conta, descobriu a profissão de terapia através da massagem depois de sofrer um acidente de viação. Afirma que a medicina convencional não conseguia solucionar as dores que sofria e que conseguiu a cura após fazer um tratamento alternativo de massoterapia e de quiropraxia.
Motivado, deslocou-se do Canadá para os Estados Unidos para fazer um curso, equivalente a uma licenciatura, que juntava as duas ciências. Ao mesmo tempo que estudava, Didi trabalhava e mesmo assim conseguiu se destacar na turma pela sua rápida adaptação ao curso e pelas notas altas.
Sidneia Newton (Estagiária)
Acho bem lutar pela regulamentação e exigir qualificações para tal porque hoje em dia qualquer um diz terapêutica semter noção do que fala força aí…