O Cruzeiros do Norte vai levar avante o concurso rainha de bateria mirim, apesar da avalanche de críticas que a iniciativa desse grupo carnavalesco despoletou nas redes sociais, devido ao uso de crianças. Abordado por Mindelinsite, Jailson Juff garante que a decisão está tomada e será mantida pelo que o evento irá decorrer no dia 27 de Maio, no polivalente de Cruz João d’Évora, com a participação de oito meninas dos 10 aos 15 anos de idade.
“Vamos levar o evento adiante porque não estamos a fazer mal nenhum a essas crianças e nunca foi essa a nossa intenção. Estamos a falar de um concurso de samba no pé e não de sensualidade feminina como várias pessoas propalaram pelo Facebook, depois de verem a fotografia que publicamos com as candidatas”, reage o presidente do Cruzeiros do Norte, que considera um exagero acusar-se o grupo carnavalesco de estar a promover a exploração sexual de menores. Como recorda esse dirigente, no Brasil esse género de concurso é natural e tem por princípio
A mesma opinião tem Nely Veríssimo, para quem seria uma enorme irresponsabilidade dos organizadores pensar em expor a imagem das crianças e atrair pedófilos, quando o objectivo é estimular as crianças a mostrar os seus talentos e prepara-las para o desfile do próximo ano. “O Cruzeiros tem uma ala de crianças e a vencedora do concurso será uma figura de destaque, mas trajada de forma adequada. Aliás, as roupas que vão usar no concurso não expõe o seu físico como algumas pessoas estarão a pensar”, comenta a porta-bandeira do Cruzeiros deste ano. Indo ao pormenor, Nely explica que as candidatas vão fazer passagens com um maiô de corpo inteiro e trajadas com uma t-shirt recortada e amarrada. Para o momento alto, que é o de samba no pé, irão vestir um maiô dourado, tipo boxeur, e com um foliado que tapa a parte traseira do quadril. Como explica, só a costa é que vai ficar nua.
Segundo Vany Brito, o concurso conta com oito crianças inscritas, com autorização dos pais, que foram escolhidas após um casting. As candidatas, acrescenta, já começaram os ensaios e estão entusiasmadas com a iniciativa. “Gostaria de frisar que elas não serão vestidas como uma rainha de bateria adulta porque a intenção não é mostrar a sensualidade no sentido pejorativo. Mas devemos estar cientes de que a sensualidade faz parte da dança”, comenta essa passista do Cruzeiros do Norte, que faz questão de lembrar que, conforme o regulamento, só as crianças com pelo menos dez anos de idade é que podem desfilar no Carnaval adulto, o que foi levado em conta pela organização.
Reunião com pais
A polémica instalada no Facebook por causa do concurso levou o ICCA a convocar o responsável do Cruzeiros do Norte para uma reunião de emergência. Jailson Juff foi ao encontro munido de vídeos e outras informações para mostrar que o grupo vai respeitar os direitos das crianças-candidatas. Além disso, a direcção do Cruzeiros do Norte agendou para amanhã uma reunião com os pais das oito meninas para saber o que pensam da situação. Hoje, entretanto, os dirigentes vão encontrar-se para falar da reorganização do grupo e afinar a sua posição sobre o evento.
Para dezenas de internautas, a competição vai levar as crianças a expor o seu corpo e sensualidade e por arrastamento atrair a atenção de pedófilos. Uma das pessoas que defendeu frontalmente essa posição é Polibel Rodrigues, que se mostrou logo contra o concurso. “Espero que a Câmara Municipal de S. Vicente e quem mais de direito intervenham para meter algum bom senso nos organizadores do tal concurso de Rainha de Bateria Mirim e os demovam de levar adiante este atentado à inocência. É de todo desaconselhável por várias razões sendo que expõe demais as crianças e apela a uma sensualidade aliada à dança, que vai atiçar os pedófilos e tarados. Estou com o estômago às voltas depois de ver as fotos sensuais das meninas”, postou Polibel no seu perfil, ela que questiona o interesse de se promover o concurso e pergunta qual a idade mínima para se desfilar como rainha de bateria. Para ela, esse tipo de iniciativas, ao invés de promover o Carnaval, serve para atrair predadores. O “post” suscitou logo uma onda de comentários a apoiar o seu ponto de vista e a condenar a iniciativa e os pais que deram o consentimento à participação das filhas no certame.
Outra figura que se posicionou contra o concurso é o encenador de teatro João Branco. “Essa função, como se sabe, implica um nível de nudez e sensualidade erótica que é absolutamente incompatível com a condição de criança. Pelo contrário, é um banquete para os predadores pedófilos que pululam pelas nossas ilhas”, justifica Branco, que considera inacreditável que haja instituições a apoiar esse tipo de práticas.
Kim-Zé Brito
SOU TOTALMENTE CONTRA ESSA LEVIANDADE DE rainha de bateria mirim. NÃO É SÓ DESSA EXPOSIÇÃO DO FISICO DESSAS CRIANÇAS MAS TAMBÉM FAZ CRIAR UM COMPETIÇÃO E CULTO PELO CORPO EM CRIANÇAS EM DESENVOLVIMENTO FÍSICO E INTELECTUAL, LEVANDO A ATRAIR PEDÓFILOS E A PROSTITUIÇÃO DE MUITAS MENINAS DESSA ILHA. DEIXEM DE LEVIANDADES, AS CRIANÇAS DEVEM COMPETIR EM DESPORTO SAUDÁVEL, GINASTICA RITMA, CANTO E ESSE TIPO DE ACTIVIDADES E NÃO NESSAS DANÇAS SENSUAIS E EXPOSIÇÃO DO CORPO. O ICCA E OS PAÍS DESSAS CRIANÇAS DEVEM SER RESPONSABILIZADAS ALÉM DESSE GRUPO CARNAVALESCO QUE DEVERIA TER UM PAPEL DE MAIOR RESPONSABILIDADE SOCIAL. SHAME ON YOU CRUZEIROS DO NORTE.